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Nossas dádivas do Dia do Senhor

A gravação do discurso original está disponível em churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).







Conferência da Área Utah Sul

Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah

13 de setembro de 2015


Linda Kjar Burton (nascida em 1952) mudou-se com a família para Wellington, Nova Zelândia, em 1966, quando os pais dela, Morris e Marjorie Castleton Kjar, serviram por três anos supervisionando a Missão Nova Zelândia Sul. A irmã Burton e suas irmãs estudaram no Church College of New Zealand, um internato ao norte de Wellington que era patrocinado pela Igreja.1 Depois de voltar para Utah, a irmã Burton conheceu aquele que viria a ser seu marido, Craig P. Burton, enquanto estudava pedagogia na Universidade de Utah. Eles se casaram em 7 de agosto de 1973 e tiveram seis filhos.2 Em 2005, Linda Burton integrou a junta geral da Primária, trabalhando nos comitês de espanhol, música e treinamento, assim como no planejamento dos programas de instrução para as líderes e coristas da Primária.3

A família Burton mudou-se para Seul, na Coreia do Sul, em 2007, onde Craig serviu como presidente de missão.4 Nas conferências de zona, Linda Burton ensinava o evangelho, treinava os missionários em técnicas de ensino e os instruía em relação a questões de saúde. Ela passava a maior parte do tempo cuidando dos missionários, tratando de questões médicas e, se necessário, coordenando tratamentos com médicos ou psicólogos japoneses. Ela também preparava muitas refeições para missionários, visitantes e líderes locais da Igreja. Aos domingos, a família Burton discursava em conferências de ramo, ala ou estaca. E em praticamente todos dias de preparação, a cada semana, eles iam ao templo com os missionários.5

Pouco após voltarem da Coreia do Sul em 2010, a irmã Burton foi chamada para a junta geral da Sociedade de Socorro.6 A junta e a presidência estava preparando a distribuição mundial do livro Filhas em Meu Reino, um relato sobre a Sociedade de Socorro, escrito para as mulheres membros da Igreja. A irmã Burton foi responsável pela preparação das páginas da Sociedade de Socorro na internet, em prol da sucessora da presidente Julie B. Beck, sem saber que ela própria seria chamada para aquela função em janeiro de 2012.7 Desde que se tornou presidente geral da Sociedade de Socorro em março de 2012, sua maior meta tem sido incentivar os membros a cumprir o propósito da Sociedade de Socorro, como descrito no Manual 2 da Igreja, à época de seu chamado: “A Sociedade de Socorro prepara as mulheres para as bênçãos da vida eterna, ajudando-as a aumentar sua fé e retidão pessoal, fortalecer a família e o lar, e auxiliar os necessitados”.8 Para ajudar as mulheres a aumentar sua fé, a presidência da irmã Burton tem falado muito sobre o objeto de nossa fé: Jesus Cristo e Sua Expiação. Sua presidência tem enfatizado as ordenanças e os convênios como uma maneira de ajudar as mulheres a fortalecer o lar e a família, salientando a importância da união — com Deus, com Jesus Cristo, com os portadores do sacerdócio e entre organizações irmãs — ao planejar como ajudar os necessitados. Em 2015, a irmã Burton se tornou a primeira mulher a servir no Conselho Executivo do Sacerdócio e da Família da Igreja.9 A irmã Burton também anunciou o programa “Era Estrangeiro”, que convida os membros da Igreja a ajudar os refugiados, em um esforço para aumentar a união e prestar serviço significativo.10

Em junho de 2015, os líderes da Igreja anunciaram novas ações para ajudar os membros a melhorar a qualidade de sua observância do Dia do Senhor. Tais ações incluem incentivar todas as alas a realizar a reunião sacramental no primeiro horário do bloco de reuniões dominicais, envolver o conselho da ala (e não apenas o bispado) no planejamento das reuniões sacramentais e ajudar as famílias e congregações a concentrarem-se mais no domingo como um dia de adoração a Deus.11 Três meses após a renovada ênfase na santidade do Dia do Senhor, a irmã Burton falou sobre o assunto em uma conferência multiestaca que foi transmitida para 365 unidades. 12 Ao se preparar para o discurso, ela ponderou as palavras de Russell M. Nelson proferidas em uma conferência geral daquele ano, em especial a sua percepção do Dia do Senhor como um deleite, uma maneira de nos conservarmos sem mancha, um sinal de nosso amor por Deus e uma dádiva de Deus para nós, e de nós para Deus.13

Meus amados irmãos e irmãs, considero um privilégio sagrado falar a vocês hoje deste magnífico Marriott Center, em Provo, Utah, enquanto vocês estão reunidos em seus respectivos edifícios. Entre vocês estão alguns de nossos preciosos familiares e amigos queridos. Considero um privilégio sagrado estar na companhia do élder Ballard, do élder Hallstrom e do bispo Davies nesta manhã.14 Testifico que eles são servos escolhidos e discípulos dedicados do Senhor Jesus Cristo e peço que ouçam, aprendam e coloquem em prática o que o Espírito lhes sussurrar por meio deles nesta manhã.

Em nossa última conferência geral, o presidente Russell M. Nelson perguntou: “O que o Salvador quis dizer quando declarou que ‘o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado’?” O presidente Nelson então respondeu sua própria pergunta: “Creio que Ele queria que entendêssemos que o Dia do Senhor era Sua dádiva para nós”.15

O que vocês fizeram na última vez que alguém lhes deu um presente? Expressaram gratidão em palavras, escritas ou faladas? Usaram o presente para mostrar que o valorizavam e apreciavam? Por exemplo: penduraram na parede a obra de arte que um de seus filhos ou netos ou um aluno de sua classe da Primária fez especialmente para vocês? Reservaram um tempo para ler um livro, uma carta, um e-mail ou um cartão que lhes foi dado com amor?

Sinto admitir que quando era recém-casada, em nosso primeiro Natal juntos como marido e mulher, deixei de demonstrar gratidão por um presente que meu marido me deu. Havíamos concordado que, como tínhamos bem pouco dinheiro, não daríamos presentes um ao outro no Natal daquele primeiro ano. No entanto, meu querido marido notou que eu precisava de um novo par de sapatos. Ele me surpreendeu dando-me um novo par de sapatos marrons de presente de Natal, à custa de grande sacrifício para ele. Mas adivinhe? Eles não eram o tipo de sapatos que eu teria escolhido para mim. Sendo uma noiva muito jovem e imatura, achei que eles pareciam “sapatos marrons da vovó”. E em vez de calçá-los para mostrar o quanto me sentia grata por meu marido ser tão atencioso, perguntei se ele havia guardado o recibo e prontamente os devolvi à loja de sapatos no dia seguinte.

Será que meu marido tinha me dado um presente ruim? Certamente que não! Foi um bom presente dado com muito amor. Mas será que eu transformei o bom presente em um presente ruim ao deixar de aceitá-lo no espírito em que me foi dado? Se eu for perfeitamente honesta, devo admitir que sim. Queria saber naquela época o que sei hoje sobre boas dádivas. No Novo Testamento, lemos o que Jesus Cristo tinha a dizer sobre as dádivas que Deus nos dá. Em Mateus 7:9–11 lemos: “E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem?”

Isso nos leva de volta à observação feita pelo presidente Nelson de que o Dia do Senhor é uma dádiva de nosso Pai Celestial. Será que o Dia do Senhor é uma dádiva ruim? Claro que não! O Senhor é perfeito e somente dá boas dádivas a Seus filhos, que somos nós! Ele nos ama e sabe o que é melhor para nós e deseja abençoar-nos com as melhores dádivas. Precisamos lembrar, porém, que o Dia do Senhor realmente pertence a Ele.

Em Isaías 58:13–14 lemos: “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra”.

O presidente Nelson nos lembrou de que um modo pelo qual podemos “deleitar-nos no Senhor” é darmos a Ele, de livre e espontânea vontade, um sinal de que O amamos e lembramos que o Dia do Senhor é o dia Dele. Fazemos isso ao lembrarmos a vida perfeita e o sacrifício perfeito de Seu amado Filho, nosso Salvador e Redentor.

Que sinais damos às pessoas que amamos a fim de demonstrar que amamos, respeitamos e valorizamos o relacionamento que temos com elas? Podemos nos lembrar delas em um aniversário ou outro dia especial, saboreando os pratos que elas escolherem, deixando que escolham as atividades que mais apreciam ou ouvindo suas músicas preferidas, entre outras coisas. Essas coisas demonstram que nos lembramos delas e as honramos. Deixem-me citar alguns exemplos pessoais para ilustrar.

Enquanto estávamos servindo nossa missão na Coreia, há alguns anos, meu marido ficou profundamente tocado e se sentiu grandemente honrado ao saber como minha família havia decidido se lembrar dele e honrá-lo em seu aniversário, embora estivéssemos a milhares de quilômetros uns dos outros. Todos os nossos filhos e netos se reuniram e foram ao restaurante favorito do meu marido, saborearam os pratos favoritos dele e todos pediram a sobremesa favorita dele. Esse foi um sinal transmitido por nossa família a meu marido de que eles se lembraram dele em seu dia especial.

No ano passado, meu pai faleceu.16 Nós o amamos muito e sentimos muita saudade dele. Para manter sua memória viva no coração e na mente de sua posteridade, nos reunimo em seu túmulo no aniversário de seu falecimento e comemoramos sua vida maravilhosa compartilhando lembranças, pratos e músicas que ele adorava. De modo semelhante, podemos dar um sinal de amor a nosso Pai Celestial e ao Salvador decidindo fazer coisas que demonstram nosso amor no Dia do Senhor.

Em minha própria conferência de estaca, há algumas semanas, meu coração transbordou de amor quando tive a bênção de ouvir relatos do empenho de muitos que estão se esforçando mais arduamente para santificar o Dia do Senhor como sinal de seu amor pelo Pai Celestial. O primeiro foi o de uma querida jovem adulta solteira, que compartilhou seus sentimentos. Ela disse: “Quando vivo o evangelho, tenho a tendência de complicar as coisas mais do que precisaria”. Ela prosseguiu, dizendo: “Enquanto pensava em como poderia santificar melhor o Dia do Senhor, decidi que a melhor maneira seria simplesmente amar o Senhor. Se eu enxergar minha conduta como uma expressão de meu amor por Deus”, disse ela, “saberei como santificar o dia Dele”. Ao ponderar aquilo em seu coração, o Espírito Santo lhe sussurrou e magnificou seus pensamentos.

Outra família relatou que se esforçou para pensar em como cumprir melhor o Dia do Senhor, sentindo a necessidade de melhorar de outro modo. Aquela família mencionou que tinha a tendência de se concentrar apenas nas necessidades de sua própria família no Dia do Senhor. Mas, ao orarem com real intenção de mudar, tiveram algumas inspirações do Espírito Santo. Os sentimentos que tiveram resultaram na utilização do Dia do Senhor para saírem da zona de conforto de sua própria família, abrindo sua casa para incluir os solitários, os menos ativos e outras pessoas. Esse foi seu sinal ao Senhor de que O amavam, amando Seus filhos.

Naquela mesma conferência de estaca, fiquei sabendo que outra jovem família estava tendo dificuldade para melhorar seu cumprimento do Dia do Senhor de modo a demonstrar seu amor por Deus. Ao se aconselharem como marido e mulher, e depois em família, incluindo os três filhos, de 8, 5 e 3 anos de idade, acabaram elaborando um plano. A questão inspiradora em relação aos conselhos de família é que, ao conversarmos uns com os outros e ouvirmos uns aos outros com a intenção de melhorar, o Espírito Santo nos traz pensamentos à mente e sentimentos ao coração que magnificam nosso esforço. Foi isso que aconteceu com aquela família. Ao se aconselharem, sentiram que poderiam melhorar tornando o sacramento mais significativo para sua família jovem e ativa. Esperavam melhorar sua experiência pessoal em relação ao sacramento de três maneiras: em sua preparação antes de irem para a igreja juntos, tentando sentir melhor o Espírito durante a ordenança do sacramento e então fazendo um acompanhamento em casa mais tarde.

Seu plano de família incluía maior assiduidade nas orações e no estudo das escrituras em família e maior empenho durante a semana para se arrependerem mais e perdoarem mais. Também decidiram, como parte de sua preparação, que iriam escolher uma escritura, hino, música da Primária ou imagem do livro de gravuras do evangelho que fosse centrado no Salvador a fim de ajudá-los a concentrar seus pensamentos durante o sacramento. Agora, antes de saírem de casa para ir à Igreja, recapitulam aquilo em que decidiram se concentrar juntos durante a ordenança do sacramento. Durante o sacramento, cada um deles tem em mente aquele pensamento e depois contam o que sentiram e o que aprenderam quando voltam para casa mais tarde no dia.

Tomar o sacramento é mais do que apenas renovar nosso convênio batismal, pois somos novamente purificados a cada vez que dele partilhamos dignamente e nos lembramos do Salvador. Fazer isso nos ajuda a repelir as manchas do mundo e a nos manter limpos delas. Relembrem comigo o mandamento dado pelo Senhor na seção 59 de Doutrina e Convênios. “Oferecerás um sacrifício ao Senhor teu Deus em retidão, sim, um coração quebrantado e um espírito contrito. E para que mais plenamente te conserves limpo das manchas do mundo, irás à casa de oração e oferecerás teus sacramentos no meu dia santificado.”17

À medida que eu lhes contar a seguinte história, pensem no que a irmã da história aprendeu com seu serviço no templo que pode ser aplicado em nossa vida para nos manter “limpos das manchas do mundo” no Dia do Senhor. Estas são as palavras da irmã Julie Thompson:

Há poucos anos, fui ao Templo de Bountiful Utah para cumprir uma designação de limpeza noturna. O número de pessoas que se apresentou foi impressionante, e me perguntei se alguém seria mandado de volta para casa. Eu estava mais do que pronta para me oferecer para sair mais cedo. Então, desconfiada, pensei comigo mesma: “É claro que não vão nos dispensar antes da hora. Vão encontrar alguma tarefa para todos, mesmo que inútil, achando que têm a obrigação de nos manter aqui por duas horas inteiras”. Lembrei-me de uma designação anterior em que fiquei limpando o pó por mais de uma hora, para depois devolver um pano que parecia tão limpo quanto quando me foi entregue. Preparei-me para passar duas horas limpando coisas que não pareciam precisar de limpeza. Obviamente, eu tinha ido ao templo naquela noite mais pelo senso do dever do que pelo desejo de servir.

Nosso grupo foi levado a uma pequena capela para participar de um devocional. O zelador que dirigiu o devocional disse algo que mudou para sempre o modo como passei a encarar minhas designações de limpeza do templo. Depois de nos dar as boas-vindas, começou a explicar que não estávamos ali para limpar coisas que não precisavam de limpeza, mas para impedir que a casa do Senhor se tornasse suja. Como mordomos de um dos lugares mais sagrados da Terra, tínhamos a responsabilidade de mantê-lo imaculado.

Sua mensagem penetrou-me o coração, e fui para minha área designada com um novo entusiasmo de proteger a casa do Senhor. Passei o tempo utilizando um pincel de cerdas macias, espanando as frestas das portas, os rodapés e as pernas das mesas e das cadeiras. Se tivesse recebido aquela designação antes, eu a teria considerado ridícula, e teria espanado negligentemente os lugares para parecer que estava atarefada. Mas, fiz questão de passar o pincel nas menores frestas.

Como aquela tarefa não era física nem mentalmente cansativa, fui abençoada com um tempo para ponderar enquanto trabalhava. Primeiro, dei-me conta de que nunca prestara atenção a detalhes tão pequenos em minha própria casa, mas que limpava apenas as áreas que os outros veriam, negligenciando as que somente a família e eu conhecíamos.

Em seguida, dei-me conta de que havia ocasiões em que vivemos o evangelho de modo semelhante: seguindo os princípios e cumprindo as designações que são mais visíveis para as pessoas a nosso redor, mas ignorando as coisas das quais aparentemente só a família ou nós mesmos temos conhecimento. Eu frequentava a Igreja, tinha chamados, cumpria designações, fazia visitas de professora visitante — tudo que era plenamente visível para os membros de nossa ala —, mas negligenciava a frequência regular ao templo, o estudo das escrituras, a oração pessoal e em família e as noites familiares. Dava aulas e fazia discursos na Igreja, mas às vezes carecia da verdadeira caridade no coração quando tinha que interagir com as pessoas.

Naquela noite, no templo, olhei para o pincel que tinha na mão e perguntei-me: “Quais são as pequenas frestas da minha vida que precisam de mais atenção?” Resolvi que em vez de planejar limpar repetidas vezes as áreas de minha vida que precisavam de atenção, eu me esforçaria mais para nunca permitir que se tornassem sujas.18

Vamos fazer uma breve pausa e ponderar o que o Espírito nos está ensinando neste exato momento. Perguntemos a nós mesmos: “Como essa história se aplica a mim?” “Quais são os pontos de minha vida que preciso me certificar de manter limpos para que nunca se tornem sujos?” “Existem áreas que eu talvez esteja negligenciando e que precisam de uma atenção especial?” Como o Dia do Senhor pertence a Ele, sei que Ele ficaria contente se cada um de nós ponderássemos como poderíamos manter nós mesmos e nossa casa “limpos das manchas do mundo”.

Em janeiro de 1982, [o élder Robert D. Hales] discursou em um devocional [aqui no Marriott Center].19 [Ele] convidou os alunos a imaginarem que a Igreja estivesse de um lado do púlpito e o mundo estivesse a apenas meio metro, do outro lado. Aquilo representava “a distância bem curta entre onde o mundo estava e onde os padrões da Igreja estavam”, na época em que [ele] estava na faculdade. Então, dirigindo-se aos alunos 30 anos depois, ergueu as mãos da mesma maneira e explicou: “O mundo foi para bem longe. [Não dá nem para ver.] Ele foi para muito, muito longe, para fora deste edifício, pelo mundo afora”.20

Esse sério lembrete do élder Hales sem dúvida se aplica ao modo como o mundo cumpre, ou mais precisamente, ignora o cumprimento do Dia do Senhor hoje em dia. É imensamente diferente de como o Senhor desejaria que fosse.

É interessante notar que uma das acusações frequentemente levantadas contra nosso Salvador era a da violação do dia do Sábado, mas isso acontecia porque ele deixava de seguir as tradições e os regulamentos criados pelo homem em relação ao Dia do Senhor.21 Satanás na verdade não se importa se quebramos o Dia do Senhor por meio do exagero, da maneira como faziam os fariseus — com regras e normas intermináveis —, ou se jogamos fora todas as regras e o usamos como um dia de lazer para não fazer nada ou simplesmente o tornamos outro dia da semana. Ele adora jogar com os extremos. Saberemos em nosso coração se estamos santificando o Dia do Senhor e lembrando de honrar o Senhor se aquilo que fazemos são coisas que Ele faria se estivesse aqui — em especial e de modo mais importante em nosso próprio lar.

Em Mateus 12:12, lemos as palavras do próprio Salvador: “É, por consequência, lícito fazer o bem nos sábados”. E o presidente Spencer W. Kimball ensinou: “O Dia do Senhor é um dia santo no qual fazemos coisas dignas e sagradas. A abstinência de trabalho e recreação é importante, mas insuficiente. O Dia do Senhor requer pensamentos e atos construtivos”.22 Creio que o presidente Kimball estava nos convidando a ter uma conduta mais intencional e ponderada no tocante a como cumprimos o Dia do Senhor.

Minha querida amiga e conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro, a irmã Linda S. Reeves, contou recentemente como e por que ela segue esse conselho. Sendo mãe de 13 filhos, ela relembra que, quando todos os filhos moravam em sua casa, descobriu que era absolutamente necessário preparar-se para o Dia do Senhor com muita antecedência para torná-lo um dia santo. Depois, admitiu que havia se descuidado desse hábito por um tempo, já que somente ela e o marido moravam na casa na época. Disse que recentemente havia renovado seu compromisso de se preparar mais diligentemente no sábado para o Dia do Senhor. Ela contou: “Considerei isso como um tipo de sinal ou carta de amor para meu Pai Celestial, dizendo que me lembraria Dele de modo mais intencional no Seu dia especial”. Depois, ela testificou que em seu empenho de se lembrar Dele preparando-se com antecedência para adorá-Lo e deixando as coisas seculares em ordem, Ele em troca a abençoou com uma confirmação especial de Seu amor por ela. Disse: “Era como se Ele me enviasse uma carta de amor em retribuição”.23

Há 20 anos, o élder Neal A. Maxwell disse algo na conferência geral que atingiu meu coração profundamente. Ao sentir o coração arder no peito, soube que o Espírito Santo estava confirmando para mim que aquilo que o élder Maxwell estava ensinando não apenas era verdade, mas se aplicava especialmente a mim. Parece-me algo que é aplicável ao modo como cumprimos o Dia do Senhor. Ele disse: “A submissão da nossa vontade é realmente a única coisa exclusiva que temos para sacrificar ao Senhor. (…) É a única coisa que possuímos e que podemos, verdadeiramente, ofertar!”24

Decidamos hoje fazer uma pequena coisa para sujeitar nossa vontade à do Senhor, para melhorar o modo como cumprimos o Dia do Senhor como sinal de nosso amor por nosso Pai Celestial e nosso Salvador Jesus Cristo. O maravilhoso élder Ballard, que está conosco hoje, ensinou com muito amor: “Grandes coisas são realizadas por meio de coisas simples e pequenas. (…) Nossos pequenos e simples atos de bondade e serviço vão se acumular em uma vida cheia de amor pelo Pai Celestial”.25

Testifico que a dádiva do Dia do Senhor vem de nosso amoroso Pai Celestial como um sinal de Seu amor por nós. Ele nos deu essa dádiva para nos ajudar a lembrar de Sua maior dádiva, a dádiva de Seu Filho Amado. Que “sempre nos lembremos Dele” como nosso presente em retribuição é minha oração, em nome de Jesus Cristo. Amém.26

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Nossas dádivas do Dia do Senhor, En el Púlpito, accessed 29 de março de 2024 https://www.churchhistorianspress.org/at-the-pulpit/part-4/chapter-53