39

A Sociedade de Socorro traz felicidade

Um registro original deste discurso está disponível em churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).







Conferência da área México e América Central

Auditório Nacional, Chapultepec Park, Cidade do México

26 de agosto de 1972


Lucrecia Suárez de Juárez (1896–1998) foi presidente da Sociedade de Socorro da estaca quando proferiu o seguinte discurso durante uma conferência da área do México e da América Central em 1972.1 Filha de Lucía Mejía e Paulino Suárez, Lucrecia nasceu para uma vida de riqueza. Os empregados da família a levavam para escola a cavalo todos os dias e ela tinha professores particulares de música, pintura e francês. Mas o exército Zapatista invadiu sua casa várias vezes depois que a revolução mexicana iniciou em 1910, e a família se mudou para a cidade do México com poucos recursos. 2 Ali Lucrecia se tornou professora do Ensino Fundamental em 1918. Mais tarde conheceu Aurelio Juárez em um baile. Ele era músico profissional que havia fugido para a cidade do México depois de escapar do exército do revolucionário Pancho Villa. Os dois se casaram em 1924. Quando Aurelio morreu em 1947, dois de seus cinco filhos eram menores de sete anos. Lucrecia mais tarde ajudaria a criar seu neto, Miguel Angel Romero.3

Ela se filiou à igreja em 1956, ensinada e batizada pelo missionário Rex E. Lee.4 A partir de 1961, ela foi a primeira diretora da Moctezuma Xocoyotzin, uma escola primária dirigida pela Igreja no lado leste da cidade do México, e se tornou presidente da Sociedade de Socorro da Estaca Cidade do México Leste.5

As mexicanas já faziam parte da Sociedade de Socorro por quase 70 anos na ocasião em que a irmã Lucrecia deu este discurso na conferência de área em 1972.6 A Igreja no México continuou a crescer apesar da instabilidade política, da guerra e da legislação que muitas vezes limitavam as atividades religiosas de líderes e missionários da Igreja não mexicanos entre 1913 e 1934.7 Os batismos na Igreja cresceram rapidamente após 1946: uma missão tinha sido dividida em quatro até 1960, a primeira estaca foi organizada em 1961 e uma segunda estaca foi formada em 1967.8

Cerca de 17 mil membros da Igreja participaram da primeira conferência de área no México, muitos dos quais viajaram longas distâncias e fizeram grandes sacrifícios para estar lá. Dois terços dos membros que participaram tiveram dificuldades para obter dinheiro para a viagem. Os membros da Guatemala jejuaram e oraram para que seus empregadores lhes dessem os dias de folga necessários. Em Tijuana, México, os membros alugaram um ônibus para a viagem de 48 horas. Depois de todos os assentos terem sido reservados, dez membros que ganharam dinheiro suficiente apenas no último minuto pediram para se juntar a eles. Os passageiros se revezaram em pé no corredor do ônibus para acomodar os retardatários. Uma mulher daquela área passou cinco meses juntando dinheiro, indo de porta em porta se oferecendo para lavar roupas. Os membros das regiões agrícolas do norte e central do México venderam tacos ou tamales, lavaram carros, fizeram jardinagem e venderam seus pertences para juntar os 200 pesos necessários (aproximadamente 16 dólares americanos) para a passagem de ônibus. Assim que chegaram, muitas pessoas estavam sem dinheiro. Eles dormiram no piso de madeira do ginásio de esportes e jejuaram durante os três dias de conferência. Em algumas comunidades, os membros juntaram seu dinheiro e escolheram quais deles poderiam se beneficiar mais com a presença.9

Essa conferência foi a maior reunião de membros de língua espanhola até então e a primeira vez que o Coro do Tabernáculo Mórmon transmitiu uma apresentação de uma nação que não fala inglês (em seu 125º aniversário).10 Mais de 3 mil mulheres se reuniram no Auditório Nacional para a sessão das mulheres na noite de sábado, onde a irmã Lucrecia deu o seguinte discurso em espanhol sobre felicidade, maternidade e a força conjunta da Sociedade de Socorro.11

Queridas irmãs, que momento maravilhoso e significativo é este para nós pensar que, em muitos lugares do mundo — em terras estrangeiras, em vilas, cidades e zonas rurais —, há irmãs que estão cuidando de seus lares e sua família e dedicando-se aos programas importantes da Sociedade de Socorro.12

Sejam todas bem-vindas, minhas irmãs, espero que unamos nosso coração em amor e humildade perante o Senhor. Não há nenhum oceano, montanha, deserto ou barreira de terra que pode separar as irmãs da Sociedade de Socorro, porque todas elas são iguais em fé e devoção, iguais em seu desejo de seguir os ensinamentos do evangelho e ser mulheres exemplares perante o mundo. O programa e o espírito da Sociedade de Socorro abrem as portas para um extenso campo no qual os atributos mais nobres da feminilidade são cultivados, e eles nos trazem felicidade. Adquirir felicidade e contribuir para a felicidade dos outros devem ser a meta mais importante em nossa vida.

Métodos para obter a felicidade

As irmãs que são capazes de desenvolver essas qualidades devem manifestá-las primeiro em seu lar e depois para com seus semelhantes em geral. A felicidade chega a nós de diversas maneiras. Se consolarmos os doentes e os necessitados, os aflitos, os que estão à beira da morte, os órfãos e as viúvas, nosso coração ficará feliz. Quando o Senhor nos abençoa com um chamado, ficamos com medo porque sabemos que somos incapazes, mas, se colocarmos nossa vontade e nossos esforços para desempenhá-lo, então sentiremos felicidade e podemos dizer que somos abençoadas pelo chamado que nos fez ir além de nossa capacidade. Temos muitas experiências no trabalho da Sociedade de Socorro, algumas satisfatórias e outras não. Se uma experiência foi um sucesso, ficamos felizes e, se falharmos, precisamos ser corajosas e prosseguir com mais amor e caridade. O amor para com nossas irmãs deve ser demonstrado com ações para nos trazer felicidade. A caridade é um amor tão grandioso que estamos dispostas a dar parte de nós mesmas. Temos o exemplo das professoras visitantes que transmitem suas mensagens de fé e consolo, e são felizes. Os trabalhos manuais bonitos e úteis para nosso lar contribuem para a felicidade de nossos entes queridos.13 Os filhos que são criados em louvor a Deus se unem às irmãs em comunhão espiritual e isso nos faz sentir alegria.

Uma mulher sozinha pode combater as influências negativas que prejudicam nossos filhos? Não, irmãs, mas estamos reunidas como um exército de mulheres justas e com determinação de que podemos fazer algo.

Como irmãs da Sociedade de Socorro e filhas do Pai Celestial, precisamos buscar sabedoria, paz, bons frutos e humildade. Não existe alegria maior do que ver nossa família viver limpa e em retidão. Em certa ocasião, o presidente McKay disse que uma mulher deve ser inteligente e pura porque ela é a fonte de vida, “a fonte viva da qual flui a corrente da humanidade”.14

O papel da mãe

Vejamos agora uma mulher em seu papel de mãe. A experiência que vou relatar nos mostra a preparação que a Sociedade de Socorro pode dar a uma mãe para educar seus filhos.

Essa jovem mãe colocou os pés na estrada da vida. “A estrada é longa?”, perguntou ela. Seu guia respondeu: “Sim, e o caminho é difícil e estará idosa antes de chegar ao fim, mas o fim será melhor do que o começo”. A mãe ficou feliz. Ela brincava com seus filhos, colhia flores para eles ao lado da estrada, banhava-os em águas puras, o sol brilhava sobre eles e a vida era boa. A jovem mãe exclamou: “Nada poderia ser melhor do que isso”. Então, caiu a noite e vieram as tempestades, a estrada estava escura e as crianças tremiam de medo e frio. A mãe foi até eles e os cobriu com seu manto, e os filhos disseram: “Mamãe, não estamos com medo porque você está conosco e sabemos que nenhum mal nos acontecerá”. A mãe disse: “Isso é melhor do que a luz do dia, porque ensinei coragem a meus filhos e me sinto feliz”.

Ensinados a respeito de Deus

Amanheceu e na frente deles havia uma colina, as crianças subiram e se cansaram, mas ela continuava dizendo a eles: “Sejam pacientes e logo chegaremos ao topo”. Quando eles chegaram, seus filhos disseram: “Nunca teríamos chegado aqui sem você, mamãe” e, enquanto a mãe alegremente descansava naquela noite, olhando para o céu estrelado, ela disse: “Esse dia foi melhor do que ontem, porque meus filhos aprenderam a ter força diante das dificuldades. Ontem lhes dei coragem e hoje lhes dei força”. No dia seguinte, surgiram nuvens estranhas que escureceram a Terra, nuvens de guerra, de ódio e maldade, e as crianças tatearam e tropeçaram, e a mãe lhes disse: “Olhem para cima, ergam os olhos para a luz”. As crianças ergueram os olhos e viram acima das nuvens uma glória eterna que as guiou e as carregou para fora da escuridão. Naquela noite, a mãe disse: “Estou mais feliz do que os outros dias, porque ensinei meus filhos a respeito de Deus”.

Os dias, os meses e os anos se passaram e a mãe envelheceu. Ela era pequena e frágil, mas seus filhos eram altos e fortes, e ela caminhava com coragem. Quando o caminho era difícil e áspero, eles a carregavam porque ela era pequena e leve. Por fim, chegaram a uma colina e ao longo da colina podiam ver um caminho brilhante e uma porta dourada que estava aberta. A mãe feliz disse: “Cheguei ao fim de minha jornada e agora sei que o fim é melhor do que o começo, porque agora meus filhos podem caminhar sozinhos”. E seus filhos responderam: “Você sempre estará conosco, mamãe, mesmo quando passar por esta porta”. Eles esperaram e a viram prosseguir sozinha, e as portas se fecharam atrás dela. Então, os filhos olhando firmemente para o infinito, disseram: “Não podemos vê-la, mas ela ainda está conosco”.

E assim é, queridas irmãs. Nossa mãe não é uma doce lembrança, é como se estivesse conosco. A felicidade das mães se encontra na retidão de seus filhos, que é alcançada com a orientação da Sociedade de Socorro, o braço forte do sacerdócio e a coragem dessas mães, bem como sua fé em Deus.

A Sociedade de Socorro traz felicidade

O pensamento que tentei deixar com vocês é este: A Sociedade de Socorro traz felicidade à nossa vida se a buscarmos diligentemente.

Nosso coração esta noite está cheio de gratidão ao nosso Pai Celestial por nos ter abençoado com a presença de seus servos escolhidos, que amamos profundamente, porque sabemos que a palavra de Deus está com eles.15 Meu testemunho é que Deus, o Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo, vivem e que a alma do homem pode se comunicar com Eles por meio do Espírito Santo. Minha oração esta noite é que o próximo ano de trabalho na Sociedade de Socorro traga a cada uma de nós a força para cumprir nossas tarefas, a alegria em servir e o sucesso de acordo com nossos esforços justos.

Esses humildes pensamentos deixo com vocês no sagrado nome de nosso Salvador, Jesus Cristo. Amém.

Cite this page

A Sociedade de Socorro traz felicidade, En el Púlpito, accessed 19 de abril de 2024 https://www.churchhistorianspress.org/at-the-pulpit/part-3/chapter-39